Música “viciantes”ativam seu cérebro como as drogas

29/06/2020 16:49

Você já parou para pensar em quantas vezes você ficou “viciado” em ouvir uma determinada música? Aquela música que você gostou muito, ou que te lembra algum momento prazeroso, ou que te “arrepia” quando você ouve, ou que “cola” no seu pensamento e você não quer parar de ouvir. Isso acontece porque o essas músicas ativam uma região do nosso cérebro chamada de Sistema de Recompensa.

Um dos principais sinalizadores para ativação de sistema de recompensa é a dopamina, um neurotransmissor que tem suas concentrações aumentadas quando realizamos as atividades prazerosas e aumentam nossa motivação em fazê-la novamente, e novamente, e novamente… Este sistema de recompensa é o responsável pelos vícios, como no uso de drogas, álcool, na compulsão alimentar, etc. Ao realizar a tarefa “viciante”, ativamos novamente o sistema de recompensa, aumentamos a sensação de prazer, e isto nos motiva a querer repetir aquela tarefa.

Essa relação da dopamina com o prazer de ouvir as nossas músicas preferidas foi explorada por pesquisadores num artigo publicado na PNAS (Proceedings da Academia Nacional de Ciências). Neste estudo, os voluntários tiveram seus  níveis de dopamina alterados pela administração de dois medicamentos, um que estimula e o outro suprime, e foram então avaliados em relação ao prazer que sentiam ao ouvir as músicas e à vontade que sentiam de escutá-las novamente.
(mais…)

Tags: dopaminadrogasmúsicamúsica visicianteneurociênciaspor que músicas viciamprazersistema de recompensavício

Vírus da Herpes pode induzir desenvolvimento da Doença de Alzheimer

26/06/2020 08:11

A Doença de Alzheimer (DA) é um doença neurodegenerativa (com morte de neurônios), caracterizada especialmente pela perda de memória recente (a pessoa chega até a esquecer quem é você em segundos).

Ainda temos muito para descobrir sobre ela, mas dito em linhas (bem) gerais, sabemos que seu desenvolvimento está fortemente associado ao acúmulo “indevido” de certas proteínas no cérebro (a mais famosa delas é uma pequena chamada peptídeo ABeta).

E agora vem a pergunta chave!

Mas afinal, o que causa o acúmulo “indevido” dessas proteínas, e quaisquer outros fatores envolvido no desenvolvimento da doença?

Na grande maioria dos casos (95%), são fatores ambientais, não genéticos (ou seja, você não herdou da sua família). Isso incluiu (1) alimentação, (2) práticas de atividades físicas (ou não), (3) qualidade do sono (já falei disso no post “você sofre lavagem cerebral…”), e…. agora vem a bomba… 
(mais…)

Tags: AlzheimerDoença de Alzheimerdoença neurodegenerativaherpesherpes simplexmorte de neurôniospeptídeo abetaVírus da herpes

Os filhos podem herdar traumas dos pais

23/06/2020 14:42

Você acredita que os filhos podem herdar traumas dos pais? Pois então, esse é um fenômeno que já foi muito observado na ciência e que ainda não foi completamente entendido. Um exemplo interessante disso é um estudo americano que observou que os filhos das famílias judias que foram vítimas diretas do holocausto são mais propensos a sofrer problemas ligados ao estresse. No entanto, será que esses comportamentos foram aprendidos, transmitidos pelo convívio com os pais ou possuem um componente genético?

Os cientistas Brian G Dias e Kerry J Ressler buscaram compreender melhor como isso acontece, e como alguns traumas dos pais podem influenciar tanto no nível do comportamento quanto na própria estrutura do cérebro dos filhos. Mas como esse comportamento e essas alterações neurais são transmitidas? A partir dos experimentos, concluiu-se que esse traço foi transmitido pelos gametas dos pais (espermatozóide e óvulo), e que pode existir nele um componente genético.

O experimento ocorreu da seguinte forma:
(mais…)

Tags: ansiedadeherança genéticamedoneurociênciatraumatraumas

De onde vem nossa linguagem

16/06/2020 14:22

Nós seres humanos somos um animal bastante peculiar. Modificamos o ambiente de forma descomunal, construímos edifícios com muito mais que cem metros, estradas que atravessam continentes e veículos automatizados capazes de fazer esses trajetos. Criamos a internet, que compila não só quase todo o conhecimento já produzido, mas também as mentiras e os vídeos engraçados de gatinhos. Mas como chegamos a esse ponto de desenvolvimento tecnológico? Muito possivelmente porque somos animais sociais que possuem habilidade de cooperar em grupos com quantidades exorbitantes de pessoas, saindo da nossa pequena bolha de amigos e familiares e expandindo até o nível mundial. Isso é possível porque possuímos uma capacidade quase infinita de comunicação, que é proporcionada pela nossa linguagem.

Muitas pessoas podem acabar interpretando de forma equivocada os pensamentos de linguistas importantes e influentes, e acreditar que a bases para a nossa linguagem de forma súbita. Porém, se dermos uma olhadinha na Teoria da Seleção Natural de Darwin, vamos acabar encontrando algumas incongruências.

De acordo com a Teoria da Seleção Natural, as mudanças acontecem através de pequenos incrementos e não de grandes saltos. Portanto, falar que a linguagem surgiu de forma súbita, acaba soando de forma quase que milagrosa! Uma outra hipótese mais consistente com a seleção natural, é que a linguagem se desenvolveu através de capacidades cognitivas preexistentes e herdadas dos nossos ancestrais não humanos.
(mais…)

Tags: linguagemmental time travelmenteneurociêncianeurolinguísticarevolução cognitivaviagem no tempo mentalYuval harari

Você é racista?

07/06/2020 14:56

Aposto que você prontamente respondeu “não”, mas pense de novo…

O racismo é um tipo de preconceito e, como já discuti aqui antes, está muito mais presente do que a gente imagina.

A percepção de tudo ao nosso redor, incluindo pessoas, depende da atividade de várias regiões do cérebro, que constroem tal percepção de forma rápida, automática e involuntária, com base na nossa experiência (nossa memória).

Se no passado seu cérebro associou a cor da pele de uma pessoa ou o fato dela ter “olho puxado” com alguma outra característica como inteligência ou caráter, pronto! Agora você tem tudo para ser racista!

O problema é que na maioria das vezes tal associação é feita sem que a gente perceba e depende muito da cultura em que você está inserido.

E, muito importante, tal percepção de uma pessoa muitas vezes vem carregada de conteúdo emocional. Quando você vê seu amigo, que emoções sente? Positivas, certo? Porque você o conhece e gosta dele.

Mas e ao ver um pessoa que seu cérebro identifica como não sendo parte do seu grupo social? Neste  caso, ele automaticamente ativa regiões relacionados à medo e agressividade (em especial a amígdala), como se identificasse aquela pessoa como uma ameaça.

E é exatamente isso que acontece no cérebro de um racista. Ao ver uma pessoa de uma etnia da qual ele já tenha feito associações negativas, seu cérebro vai automaticamente gerar uma percepção negativa (ela é mau caráter, burra, criminosa, etc); e, ao não identifica-la como parte do seu grupo, irá deflagrar respostas de medo e agressividade frente àquela potencial “ameaça”!

Em um segundo momento, regiões do cérebro relacionados à deliberação e reflexão, como o famoso córtex pré-frontal (essa parte atrás da testa), podem suplantar tais repostas automáticas e até evitar sua recorrência, mas para isso, o racista precisa usá-las para refletir sobre o que está acontecendo e o porquê.

Mas, infelizmente, não é isso que vemos acontecendo muitas vezes, não é Derek Chauvin?

Referências:

Kubota et al (2012) – The Neuroscience of race. Nature Neuscience

Mattan et al (2018) – The social neuroscience of race-based and status-based prejudice. Current Opinion in Psychologygy

Tags: cérebroneurociênciapercepçãopré-conceitopreconceitoracismovidas negras importam

As pessoas estão mais felizes quando estão atentas ao presente

02/06/2020 14:07

Olá pessoal!

É com muito prazer que venho aqui convida-los para a 2a edição do SemiNEURO – o seminário do meu grupo de pesquisa e divulgação NEUROcientífica, apresentado AO VIVO no nosso canal do YouTube/A culpa é do cérebro

As apresentações acontecem todas as quartas-feiras às 10h. Fique a vontade para participar com comentários e perguntas!

Amanhã teremos a apresentação do meu aluno de mestrado Pedro Marconi, que irá falar de um artigo publicado na Science sobre s relação entre “sonhar acordado” e felicidade!

Segue abaixo uma breve descrição do trabalho e dos principais achados. Até amanhã!!!

Aquilo que chamamos costumeiramente de “sonhar acordado” parece ser algo banal, porém é uma conquista evolutiva enorme, pois nos permite aprender, raciocinar e planejar. Outros animais não costumam passar tanto tempo pensando no que não está acontecendo em volta deles, contemplando eventos que já aconteceram no passado ou que podem acontecer no futuro.

(mais…)