Como nosso cérebro prioriza o que aprendemos?

20/08/2020 16:02

Todos os dias, desde quando éramos crianças, nos deparamos com novos conceitos, pistas que usamos para diferenciar as coisas e aprender como o mundo funciona. Provavelmente a maioria das pessoas sabe a diferença entre gatos e cachorros. Mas os conceitos que caracterizam cada espécie, são bem mais difíceis de aprender. Para entender esses conceitos, você precisa concentrar sua atenção nas informações relevantes e desprezar as que são irrelevantes.

Por exemplo, considere o seguinte conceito: todos os gatos que têm 3 cores, são fêmeas. Ao ler isso, você provavelmente ignorou todas as outras características do gato, como a cor dos olhos ou o tamanho do rabo. Isso ocorre porque ao mesmo tempo que seu cérebro prioriza as informações que são relevantes para entender tal conceito, ele também irá desprezar muitos outros dados.

Recentemente, cientistas canadenses demonstraram que a seleção das informações que serão importantes para você aprender um novo conceito depende da ativação de uma área no cérebro localizada logo atrás da testa, bem no meio dela, chamada de córtex pré-frontal ventromedial. Ao aprendermos um conceito “fácil” essa área é menos ativada do que quando o conceito é “difícil”. Tudo por conta das informações que o cérebro precisa priorizar, que três cores são fêmeas, e ao mesmo tempo, ignorar, a cor dos olhos e o tamanho do rabo, por exemplo.

É importante lembrar que, apesar de ser uma parte importante no processo de aquisição de conhecimento, apenas aprender conceitos não é o único elemento responsável pela aprendizagem. Outra forma de aprender é imitando outra pessoa, a imitação é um componente observado em bebês e crianças.

Além disso, alguns conceitos devem ser usados com cautela, por não serem totalmente precisos, no caso, existe uma síndrome genética que faz 1% dos gatos machos terem 3 cores. Portanto, quando você ver um felino de 3 cores, você pode afirmar “apenas” com 99% de certeza de que se trata, na verdade, de uma gata!

 

Autoria: João Paulino Perini (Psicólogo e Mestrando em Neurociências – UFSC)

Fonte: https://www.nature.com/articles/s41467-019-13930-8

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