Você pode estar estudando errado!

15/09/2020 15:30

Quando você estava no ensino médio ou na graduação, já teve a sensação de que estudou por horas e que o pouco conteúdo que entrava na sua cabeça simplesmente ia embora alguns dias depois, como se nada tivesse acontecido?  E ainda ficava se comparando ao seu colega que nem estudou tanto e tirou uma nota melhor que a sua… Pois é, para os estudantes, essa situação é, infelizmente, bem comum. Às vezes, até chegamos a pensar que tem algo de errado conosco. Mas será que é isso mesmo?

A verdade é que nem tudo são horas de estudo! Cientistas fizeram testes com vários alunos universitários e descobriram que estudar elaborando suas próprias perguntas e respostas é mais eficiente do que apenas revisar um texto. Esse efeito é maximizado quando nos fazemos perguntas enquanto nosso material de estudo está aberto ao lado, para nos auxiliar, ou quando temos pelo menos as palavras-chave do conteúdo. Esse método de estudo não apenas fez os alunos terem um melhor resultado na prova final, como também os fez lembrar do conteúdo por mais tempo.

Ser estudante não é nada fácil e não precisamos dificultar ainda mais esse processo. Então você, professor, pode recomendar esse método aos seus alunos. E você aluno, tente praticar isso em casa ao estudar para as provas. Um pouco mais de eficiência no seu dia a dia pode fazer uma grande diferença!

Autora: Gabriela Bolsoni Tomasi (graduanda em Psicologia na UFSC, aluna de iniciação científica).

Fontehttps://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S2211949320300065

Tags: Aprendizagemneurociência

Como nosso cérebro prioriza o que aprendemos?

20/08/2020 16:02

Todos os dias, desde quando éramos crianças, nos deparamos com novos conceitos, pistas que usamos para diferenciar as coisas e aprender como o mundo funciona. Provavelmente a maioria das pessoas sabe a diferença entre gatos e cachorros. Mas os conceitos que caracterizam cada espécie, são bem mais difíceis de aprender. Para entender esses conceitos, você precisa concentrar sua atenção nas informações relevantes e desprezar as que são irrelevantes.

Por exemplo, considere o seguinte conceito: todos os gatos que têm 3 cores, são fêmeas. Ao ler isso, você provavelmente ignorou todas as outras características do gato, como a cor dos olhos ou o tamanho do rabo. Isso ocorre porque ao mesmo tempo que seu cérebro prioriza as informações que são relevantes para entender tal conceito, ele também irá desprezar muitos outros dados.

Recentemente, cientistas canadenses demonstraram que a seleção das informações que serão importantes para você aprender um novo conceito depende da ativação de uma área no cérebro localizada logo atrás da testa, bem no meio dela, chamada de córtex pré-frontal ventromedial. Ao aprendermos um conceito “fácil” essa área é menos ativada do que quando o conceito é “difícil”. Tudo por conta das informações que o cérebro precisa priorizar, que três cores são fêmeas, e ao mesmo tempo, ignorar, a cor dos olhos e o tamanho do rabo, por exemplo.

É importante lembrar que, apesar de ser uma parte importante no processo de aquisição de conhecimento, apenas aprender conceitos não é o único elemento responsável pela aprendizagem. Outra forma de aprender é imitando outra pessoa, a imitação é um componente observado em bebês e crianças.

Além disso, alguns conceitos devem ser usados com cautela, por não serem totalmente precisos, no caso, existe uma síndrome genética que faz 1% dos gatos machos terem 3 cores. Portanto, quando você ver um felino de 3 cores, você pode afirmar “apenas” com 99% de certeza de que se trata, na verdade, de uma gata!

 

Autoria: João Paulino Perini (Psicólogo e Mestrando em Neurociências – UFSC)

Fonte: https://www.nature.com/articles/s41467-019-13930-8

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